Ela chegou do trabalho carregando a bolsa, a mochila da creche, dois recados do WhatsApp do grupo de pais e um restinho de culpa no bolso.
No chão da sala, dois pares de olhinhos esperavam — não com pressa, mas com esperança.
“Já voltou, mamãe?”
“Você pode brincar com a gente?”
Ela pensou nas panelas, no banho, no relatório inacabado. Suspirou.
E então, como quem encontra um tesouro no fundo da bolsa, achou uma tesourinha sem ponta, papéis coloridos e um sorriso meio esquecido.
Sentou-se no chão.
Sem roteiro, sem fórmula mágica. Só ali, com eles.
Desenhou uma flor torta, colou o céu com cola em bastão e fingiu que sabia montar um cachorrinho de papel.
Eles riram. Ela também.
O tempo, que antes era um inimigo, agora parecia abraçá-los.
Naquela meia hora de recorte e colagem, ela ensinou mais do que muitas lições do dia:
que o amor também se faz com papel picado.
Que educar não é ter tempo — é fazer o tempo virar presença.
E no fim, enquanto os dois exclamavam “Ficou lindo, mamãe!”, ela pensou:
“Talvez eu não consiga tudo. Mas consigo isso. E isso vale tudo.”
Naquela noite, antes de dormir, procurou mais ideias.
Nada complicado. Nada caro. Só coisas simples, que somam.
Encontrou um cantinho cheio de sugestões, com jeitinho de quem entende a correria — colorido, leve, com nome de infância: Turminha Pimpompem.
E ali, sentiu que não estava sozinha.
Gilson Castro é o criador da Turminha Pimpompem — um universo lúdico que une educação, afeto e criatividade. Formado em design gráfico, tem mais de 30 anos de estrada, com passagens por agências, editoras e estúdios, atuando como diretor de arte, ilustrador, designer de produto e muito mais. Hoje, dedica seu tempo a criar conteúdos e experiências para crianças (e seus pais!) com a certeza de que tudo o que recebeu do mundo merece ser retribuído com carinho e propósito.
